O município é o primeiro dos 30 cortados pelo rio, 15 deles estão em PE. Ambientalistas se preocupam com agressões sofridas nas nascentes.
Técnicos pretendem reflorestar a área de 50 metros ao redor da nascente. (Foto: Reprodução/ TV Asa Branca) |
Em Garanhuns, no Agreste pernambucano, um projeto de revitalização está sendo realizado no Rio Mundaú. Na zona rural do município, uma das nascentes do rio surge e passa por pequenos córregos, seguindo para formar um rio com 141 quilômetros de extensão.
O município é o primeiro dos 30 cortados pelo rio. Quinze deles estão em Pernambuco, a outra metade fica em Alagoas, onde o Mundaú deságua no mar. O desequilíbrio ecológico tem preocupado instituições e autoridades, que desenvolvem políticas públicas favoráveis ao meio ambiente.
“Existem principalmente as mudanças climáticas, pois, vem acontecendo ciclos de seca, ou então, de chuva muito intensa, como as enchentes que ocorreram em 2010 ou a estiagem que ocorre há três anos. Então essas ações de proteção de recursos hídricos minimizam esses efeitos adversos do clima”, explica o analista ambiental da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Aildo Sabino.
Um grupo de ambientalistas, ligados à organização não-governamental Econordeste, decidiu combater os problemas do rio começando pelas nascentes. Eles elaboraram projetos e foram beneficiados com o incentivo financeiro da Apac e da Prefeitura de Garanhuns. Uma verba de R$180 mil será destinada para revitalizar as nascentes e manter estas áreas de preservação permanente livres de situações nocivas ao rio.
De acordo com o biólogo Edjalma Nanes, o trabalho dos ambientalistas fez com que nascentes do Rio Mundaú fossem descobertas. Antes a nascente era bem maior mas houve uma redução por conta do desmatamento. “Com a retirada da mata original, o solo torna-se mais compacto e não favorece que o lençol freático venha a tona e atrapalhe a florescência da água. Então a composição dessa mata vai diminuir a competição entre espécimes. Com isso haverá uma maior vazão na infiltração, tendo em vista que tudo está relacionado, tanto a vegetação como o formato do relevo do ambiente”, diz.
Os biólogos identificaram que o desmatamento está dificultando também a drenagem da água, o que provoca assoreamento. Para resolver a situação, os técnicos pretendem reflorestar a área de 50 metros ao redor da nascente e os terrenos que ficam a 30 metros dos leitos do rio.
“A produção de mudas - na qual já estamos com umas cinco mil atualmente, e com mais de 30 espécies diferentes - tem essa importância de cercar as áreas de nascente e promover uma melhor captação de água”, afirma o presidente da Econordeste, Gilberto Miranda.
Os ribeirinhos serão conscientizados de que precisarão colaborar para a manutenção das áreas de nascente. Quem tiver plantações ou criação de gado poderá bombear a água para continuar as atividades fora da área de proteção ambiental.
G1 PE
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