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Safra de café de SP pode cair até 20% por seca; perdas vistas em cana, laranja

Foto: Divulgação/Internet
A safra de café de São Paulo, terceiro produtor nacional do grão, poderá cair até 20 por cento na temporada 2014/15 por conta do tempo seco e quente que atingiu o Estado desde o final de 2013, afirmou nesta quinta-feira o Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), do governo paulista, que apontou também prejuízos para as lavouras de cana-de-açúcar e laranja.

O Estado previu em dezembro uma colheita 14/15 de 4,44 milhões de sacas de café, o que seria um aumento de pouco mais de 10 por cento.

No entanto, devido à irregularidade das precipitações, associada à baixa umidade relativa do ar e às elevadas temperaturas registradas, a diminuição na quantidade colhida será da ordem de 10 a 20 por cento nas lavouras mais antigas e de 15 a 20 por cento naquelas de primeira safra e segunda safra.

"Nas áreas de cerrados, os frutos da parte superior da planta (ponteiro) já entraram em processo de maturação. Como os talhões ainda não foram preparados para a colheita, esses frutos provavelmente virão ao chão e se perderão quando se iniciar a colheita (a partir de maio)", disse o IEA em nota.

"Se confirmada essa ocorrência o potencial de perda saltará para a parte superior do limite estabelecido (20 por cento)", acrescentou o instituto.

Antes da quebra de safra, São Paulo responderia por pouco menos de 10 por cento da colheita nacional, estimada pelo Ministério da Agricultura no início de janeiro (antes do efeito climático) entre 46,5 milhões e 50,1 milhões de sacas de 60 kg. Outros Estados do Brasil, como Minas Gerais, também sofreram perdas.

A Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, com sede em Minas Gerais, estimou no início do mês que a severa seca deve causar perdas de 30 por cento em relação à safra esperada em 2014.

Os preços do café e do açúcar reagiram forte nos mercados aos efeitos da seca. Na quarta-feira, o café negociado em Nova York atingiu uma máxima de 16 meses.

Laranja e cana


Foto: Divulgação/Internet
Antes da anomalia climática, previa-se que a produção de laranja em São Paulo --principal produtor brasileiro da fruta no país que é o maior exportador global de suco-- na temporada 2014/15 poderia crescer até 20 por cento, por conta tanto da bienalidade quanto da florada abundante no final do ano passado.

"Todavia, o potencial de expansão da safra, diante da adversidade climática, poderá se reduzir para aproximadamente 15 por cento, isto é, queda de 5 por cento sobre a expansão inicialmente prevista", afirmou o IEA, confirmando informações de especialistas.

São Paulo também é o maior produtor de cana do país, respondendo por cerca de 60 por cento da produção nacional, e terá sua safra afetada.

"Na lavoura de cana-de-açúcar, principal cultivo paulista, os efeitos climáticos desfavoráveis poderão afetar sua produção, pois o período de calor sem chuvas é inapropriado ao desenvolvimento da planta", disse o IEA.

"Com a escassez de precipitações, associada às altas temperaturas, a cana poderá não atingir seu potencial, repercutindo em queda na produção", afirmou o IEA, sem dar detalhes numéricos sobre perdas.

A entidade que representa a indústria do centro-sul (Unica) já havia informado no início da semana que a colheita da região, que poderia crescer cerca de 40 milhões de toneladas, deverá ficar estável em 14/15.

Conforme entidades de monitoramento de dados meteorológicos, em janeiro o volume de chuvas em território paulista ficou bem abaixo dos 200 mm a 250 mm historicamente registrados.

No norte do Estado, por exemplo, o acumulado ficou entre 50 mm e 100 mm, segundo estudo de pesquisadores do IEA. No leste, sul e oeste, variou de 100 mm a 150 mm.

Além disso, a temperatura média foi 3°C a 4°C mais elevada que a normalmente observada.

Outras culturas de São Paulo sem a mesma relevância para a produção nacional, como o milho e a soja, também foram afetadas pelo clima.

No pior cenário, as colheitas podem cair até 30 por cento, totalizando 2,27 milhões de toneladas de milho e 1,49 milhão de soja. O Brasil, entretanto, caminha para colher uma safra recorde de soja.

Reuters

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