Vazão lenta da última cheia atinge índice histórico no Pantanal

A situação anormal de agora deixa os pantaneiros apreensivos

Antes aliviados, produtores rurais agora já se preocupam
com a duração da cheia  
(Foto: Silvio Andrade)
O complexo sistema hidrológico do Pantanal, intercalado por ciclos de cheia e seca, passa por um período inusitada em mais de um século de acompanhamento e registro de níveis do Rio Paraguai e seus tributários: depois de uma enchente considerada normal, cujo pico foi em junho, na régua de Ladário, a planície continua inundada em agosto, mês de ocorrência de grandes incêndios na região.


A lenta vazão destas águas acumuladas desde o início do ano pelas chuvas intensas na planície e cabeceiras do Rio Paraguai e afluentes, em Mato Grosso, já estava prevista pelo monitoramento feito pela Embrapa Pantanal. 

No entanto, o bioma ainda se mantém como uma esponja encharcada, reduzindo em menos de um centímetro diário, em alguns pontos, o volume de água armazenado em seis meses.

À complexa combinação das contribuições pluviométricas dos dez diferentes pantanais no mesmo ecossistema, cujas lagoas e baías funcionam como reguladores de vazão, acrescenta-se ainda a baixa declividade da planície, de aproximadamente 40 cm/km, de leste a oeste, e de 2 cm/km, de norte a sul. Durante as maiores cheias, alaga-se uma área de aproximadamente 30.000 km². 

Em alerta

A situação anormal de agora deixa os pantaneiros apreensivos: a área de pasto foi reduzida, o gado está magro e essa água pode manter-se até o novo período de chuvas, que começa em novembro.

“É uma água comprida, demorada; ela se espalhou mais este ano”, resume o pecuarista Emílio César Miranda de Barros, que tem propriedade na subregião do Paiaguás (norte de Corumbá). 

A influência de inundação se observa ao transitar pela rodovia BR 262, que corta o Pantanal de Miranda a Corumbá. Os campos estão alagados, contrastando com a floração dos ipês roxo e amarelo. Nesta época de estiagem é comum a presença do fogo nas margens da rodovia, contudo Corumbá está fora do mapa de queimadas em agosto, depois de liderar a incidência de focos em anos anteriores, situação amenizada pela cheia.

A concentração de água inclui o leito dos principais rios. O Paraguai ainda transborda, inundando casas de ribeirinhos nas proximidades de Corumbá e Ladário, onde a régua da Marinha registrava, ontem, 4,66 metros. Em Porto Esperança, está a 1,10 metro acima do nível registrado no mesmo período de 2013, ano de pequena cheia. Aquidauana e Miranda também acumulam mais água.

Nabileque

Na régua centenária de Ladário, ponto de maior vazão do Rio Paraguai, o volume de água baixou 79 centímetros desde o pico da cheia deste ano (5,42 metros), em 13 de junho. Em 2011, quando ocorreu uma das maiores enchentes, atingindo 5,62 metros na mesma régua, o nível do rio baixou mais rapidamente: 1,40 metro em 80 dias. No ano passado, a vazão foi de 2,89 metros no mesmo período.

Na régua de Bela Vista do Norte, divisa de Mato Grosso do Sul com Mato Grosso, de baixa declividade e morraria, o Paraguai subiu 6,30 metros em 20 de junho e baixou apenas 1,28 metro em 98 dias. Na cheia de 2011, o nível do rio reduziu-se em 2,08 metros em 102 dias. Em Cáceres (MT), o nível do rio é 1,48 metro inferior à redução (4,12 metros) registrada em 2011, em 165 dias.

A lenta vazão se manifesta mais claramente na subregião do Nabileque, ao sul, entre o distrito de Porto Esperança (Corumbá) e Porto Murtinho, região que absorve a água dos afluentes Miranda, Aquidauana, Taquari, Negro e Abobral. A régua em Murtinho, influenciada também pelas chuvas na Bolívia e no Paraguai, reduziu-se apenas 24 centímetros desde o pico da cheia, que foi de 7,16 metros, no dia 20 de junho.

Correio do Estado

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